Um antigo conto chinês fala de um homem que tinha um único cavalo para ajudá-lo na época do plantio. Quando o cavalo fugiu para as colinas, todos se entristeceram por sua má sorte, mas ele pensou “Este foi um bom acontecimento ou um mau acontecimento? Quem saberia dizer?”
Algumas semanas depois o cavalo voltou galopando e trazendo consigo uma tropa de cavalos selvagens, direto para seu curral aberto. Quando todos comemoravam, ele pensou. “Bom ou mau acontecimento? Quem poderia dizer?”
Algum tempo depois seu único filho, tentando treinar os cavalos selvagens caiu e machucou gravemente sua perna. Seu filho estava ferido e sua colheita toda perdida. Na angústia pensou “Bom ou mau?”
Seis semanas se passaram quando o comandante militar chegou ao vale para recrutar todos os jovens para a guerra. Todos, com uma única exceção, o filho do homem que tinha a perna ferida. Quando os vizinhos enlutados pela perda de seus filhos invejaram o agricultor, ele pensou: “Bom ou mau acontecimento? Quem poderia dizer?”
E assim é a vida meu amor, cheia de acontecimentos, difíceis de decifrar e de passarem sem nosso crivo avaliador. Colocamos uma etiqueta de bom ou mal em tudo o que vemos. E realmente algumas coisas parecem nos devastar. O fato é que não sabemos e nunca saberemos porquê as coisas são como são.
Sênega disse que “Não há mal sem compensação (...) Quando menos dinheiro, menos problemas; quanto menos favores, menos inveja” - ou seja, nada, em outras palavras, é de todo mau.
Não se trata de ser estupidamente otimista, mas de tentar enxergar a floresta inteira ao invés de uma única árvore, seja ela seca ou frondosa.
Seja corajosa e grata, minha menina, sempre.
Esta história faz parte do livro Para tudo há um tempo, de Joan Chittister. Créditos da foto para o queridíssimo e mega talentoso Daniel Machado.